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IFSP se manifesta contra casos de patrulhamento ideológico sofridos por instituições públicas de ensino

A reitoria do IFSP, ante os recentes casos de patrulhamento ideológico e político que atingem os trabalhadores e trabalhadoras da Educação Pública, coloca-se ao lado de suas coirmãs e rechaça frontalmente o cerceamento e a fiscalização ao exercício do livre pensar a que querem nos submeter.

  • Publicado: Quinta, 25 de Outubro de 2018, 21h48
  • Última atualização em Quinta, 25 de Outubro de 2018, 21h48

Nos últimos meses, têm proliferado os debates sobre os limites que a discussão sobre temas políticos pode ter nas escolas. Esta Reitoria se posiciona, como sempre fez, não somente contra a limitação destes, mas também pelo incentivo a projetos que prevejam, para nossa comunidade interna, e também para aquela do entorno aos nossos câmpus, oportunidades para que ocorram essas discussões.

Como parte integrante da vida brasileira, também queremos melhores quadros na política. Sabemos que isso sempre implicará diversidade de posturas e um salutar debate rumo a uma sociedade mais comprometida com o bem geral. Isso nunca ocorrerá se nossos estudantes não tiverem, desde cedo, atenção voltada para os problemas da vida pública e para os processos de implementação de novas ideias. No estado democrático de direito, projetos que privilegiem esse debate também podem evitar as armadilhas históricas representadas por regimes autocráticos e mesmo genocidas que ora e vez ocorrem na história das nações e da humanidade.

O cerceamento da liberdade de expressão tem tomado rumos perigosos dentro de nossas instituições educacionais, chegando ao ponto em que simples programações de cinema, teatro ou qualquer outra atividade acadêmica, bem como as capitaneadas por centros acadêmicos e grêmios estudantis, sejam colocadas como perigosos instrumentos doutrinários.

Vale lembrar que, nas nações que enfrentaram grandes tragédias humanas por conta de regimes contrários aos direitos humanos mais básicos, a lembrança e o constante resgate histórico são a maior garantia de que o pesadelo não se repita. É assim com a África do Sul e o apartheid, a Alemanha e o nazismo, entre tantos outros exemplos.

É parte integrante da prática acadêmica possibilitar ao educando o acesso irrestrito ao conhecimento, como parte de sua formação cidadã, estimulando-os à reflexão crítica, ao cultivo de um ambiente mais tolerante e respeitoso à diversidade de ser e pensar.

Embora vigilantes ideológicos de última hora busquem insistentemente confundir “doutrinação política” com a autonomia pedagógica de que dispõem quaisquer membros da comunidade acadêmica, defendemos vigorosamente que a livre expressão de ideias, com cotejo de diversos pontos de vista, faz parte da atuação dos profissionais do IFSP, que, como suas coirmãs, orgulha-se de oferecer a sua comunidade possibilidades de crescimento pessoal que não se restringem a currículos pré-estabelecidos.

A vinculação da independência do professor e da professora em sala de aula com doutrinação política é notória e flagrantemente equivocada. Mesmo que surgisse de alguma parte a analogia de um momento historicamente passado com a realidade contemporânea, isso ainda estaria dentro de um sadio e construtivo processo de discussão.

Mencionar “doutrinação política” como argumento para cercear docentes e seus direitos adquiridos a duras penas é incorrer em leviandade, uma vez que é intrínseco às Instituições de Ensino jamais silenciar a manifestação de opiniões e oferecer seu espaço para que os mais amplos pontos de vista possam ser expressados.

 A Educação Pública conta em seu quadro de servidores com diletantes de múltiplas posições do espectro político — livres para expressar publicamente suas opiniões até onde não se fira a lei.

Ademais, é dever dos Institutos e Universidades Federais zelar permanentemente não só pela manutenção de sua autonomia acadêmico-administrativa, do contraditório e da pluralidade de ideias como também pelo combate à perseguição vil, à intolerância, aos discursos e manifestações de ódio e aos atos que buscam limitar e censurar em seu âmbito a liberdade de expressão e de transformação da sociedade, na garantia de que o ambiente acadêmico sempre será o abrigo e espaço privilegiado para a pluralidade de ideias.

 
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